Paisagem sonora rememorada do bairro de Bebedouro (Maceió – AL) afetado por desastre socioambiental
DOI:
https://doi.org/10.55753/aev.v38e55.235Palavras-chave:
paisagem sonora histórica, patrimônio, desastre socioambientalResumo
Em 2018, cinco bairros na cidade de Maceió, Alagoas, foram atingidos por um desastre socioambiental, causado pela extração de sal-gema por uma indústria multinacional química, que gerou desestabilidade generalizada da superfície, acarretando rachaduras nas edificações e crateras no solo. A área foi evacuada e em torno de setenta mil pessoas tiveram que abandonar os bairros. O resultado das medidas de desapropriação no local trouxe consigo um esvaziamento de dinâmicas no meio urbano e, com o vazio, possíveis apagamentos de histórias, relações e sons. Considerando o conceito de paisagem sonora que compreende os sons como percebidos por indivíduos em um contexto, o objetivo desta pesquisa é investigar características de uma paisagem sonora passada destruída de um dos bairros afetados pelo desastre: o de Bebedouro. O método foi embasado na norma de paisagem sonora ISO/TS 12913-2 com entrevistas a ex-moradores e levantamentos de dados históricos. As análises indicaram uma paisagem conformada por sons do cotidiano relativos às construções (sino da igreja), à natureza (pássaros) e à própria sonoridade traumática das narrativas (choro e protesto). Assim, além de contribuir com avanços nos estudos de paisagem sonora que utilizam a memória como recurso, a principal contribuição deste trabalho está no registro de uma paisagem interrompida.
Referências
(1) International Organization for Standardization (2014). Acoustics — Soundscape — Part 1: Definition and conceptual framework (ISO Standard N° 12913-1). https://www.iso.org/standard/52161.html.
(2) Kang, J. et al. (2016). Ten questions on the soundscapes of the built environment. Building and Environment, 108, 284–294. DOI: 10.1016/j.buildenv.2016.08.011. DOI: https://doi.org/10.1016/j.buildenv.2016.08.011
(3) Labelle, B. (2010). Acoustic Territories: Sound culture and everyday life. Berlim, Continuum.
(4) Gan, Y. et al. (2014). Multi-sensory landscape assessment: The contribution of acoustic perception to landscape evaluation. The Journal of The Acoustical Society of America, 136(6), 3200–3210. DOI: https://doi.org/10.1121/1.4898424
(5) Liu, J. et al. (2019). Effects of soundscape perception on visiting experience in a renovated historical block. Building and Environment, 165, 106375. DOI: https://doi.org/10.1016/j.buildenv.2019.106375
(6) Jia, Y.; Ma, H.; Kang, J. (2020). Characteristics and evaluation of urban soundscapes worthy of preservation. Journal of Environmental Management, 253, 109722. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2019.109722
(7) Maffei, L.; Brambilla, G.; Di Gabriele, M. (2016). Soundscape as Part of the Cultural Heritage. In: J. Kang; B. Schulte-Fortkamp (Eds.). Soundscape and the Built Environment, CRC Press, 9, 215–242. DOI: https://doi.org/10.1201/b19145-10
(8) Zhang, Y. et al. (2021). Effects of Soundscape on the Environmental Restoration in Urban Natural Environments. Noise and Health, 19(87), 65-72. DOI: 10.4103/nah.NAH-73-16.
(9) Balbontín, S. (2020). The sensitive experience of soundscape within a natural disaster: The case of the tsunami of 27f in Caleta Tumbes, Talcahuano, Chile. Architecture, City and Environment, 14(42). DOI: 10.5821/ace.14.42.7007. DOI: https://doi.org/10.5821/ace.14.42.7007
(10) McAlister, E. (2012). Soundscapes of Disaster and Humanitarianism: Survival Singing, Relief Telethons, and the Haiti Earthquake. Small Axe, 16(3 39), 22–38. DOI: 10.1215/07990537-1894078. DOI: https://doi.org/10.1215/07990537-1894078
(11) CPRM, Serviço Geológico do Brasil. (2019). Relatório de Análise de Subsidência dos Bairros Mutange e Pinheiro.
(12) Schafer, R. M. (1997). The Soundscape: Our Sonic Environment and the Tuning of the World. NY: Inner Traditions/Bear Company.
(13) De Witte, M. (2018). Encountering Religion through Accra’s Urban Soundscape. Encountering the City, Routledge, 133-150. DOI: 10.4324/9781315579467-8. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315579467-8
(14) Oliveira, P. et al. (2021). Mapeamento da paisagem sonora: impactos dos sons da fé. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, 13. DOI: 10.1590/2175-3369.013.e20210073. DOI: https://doi.org/10.1590/2175-3369.013.e20210073
(15) Yelmi, P. (2016). Protecting contemporary cultural soundscapes as intangible cultural heritage: Sounds of Istambul. International Journal of Heritage Studies, 22(4), 302–311. DOI: 10.1080/13527258.2016.1138237. DOI: https://doi.org/10.1080/13527258.2016.1138237
(16) Firat, H. B.; Masullo, M.; Maffei, L. A (2020). Methodology for the historically informed soundscape. Proceedings of 2020 International Congress on Noise Control Engineering, INTER-NOISE 2020. Anais.
(17) International Organization for Standardization (2018). Acoustics — Soundscape — Part 2: Data collection and reporting requirements (ISO Technical Specification N° 12913-2). https://www.iso.org/standard/75267.html.
(18) Associação Brasileira de Normas Técnicas (2019). Acústica — Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas — Aplicação de uso geral (ABNT NBR 10151).
(19) Maceió. Dados Vetoriais de Maceió [SHP]. Disponível em: https://dados.al.gov.br/catalogo/ dataset/municipio-de-maceio/resource/dc607795-6bc9-4289-833e-d45b7470e532.
(20) Lemos, J. (2003). Bebedouro, Comunidade de História e de Fé. 1ª Edição. Maceió.

Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Acústica e Vibrações

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.